As funções mais importantes são: Separação e proteção, toque e contato, expressão e manifestação, sexualidade, respiração eliminação (suor), regulação da temperatura.
Todas as funções da pele apresentam algo em comum. Estabelecem limites entre os pólos, ao mesmo tempo que serve de contato entre eles. A pele é nossa fronteira com o mundo material a nossa volta. É através dela que estamos ligados ao exterior. É em nossa pele que nos mostramos ao mundo e não podemos “mudar de pele”. A pele é aquela superfície que reflete todos os órgãos internos. Qualquer distúrbio em algum deles é projetado na epiderme e cada estímulo na área correspondente da pele é transmitido outra vez para dentro do corpo.
Porém, ela não mostra apenas o estado exterior e interior de nossos órgãos, ela mostra também nossos processos e reações psíquicas em geral. Alguns deles se tornam tão evidentes que qualquer pessoa pode notá-los: ficamos vermelhos de vergonha e pálidos de susto; suamos de medo ou excitação; os cabelos ficam em pé de surpresa, ou nossa pele toda se arrepia de horror.
Como não gostamos de nós mesmos, inclusive da nossa sombra, tentamos sempre modificar nossa imagem exterior e remodelá-la, por isso vivemos procurando modificar através de maquiagens, de tatuagens ou até mesmo cirurgias!
Temos reações de nossa pele, como por exemplo, quando a pele racha, algo atravessa a fronteira, algo deseja extravasar para o exterior.
A acne é um tipo de autodefesa, pois ela dificulta os contatos e impede a sexualidade. Eis aí um círculo vicioso: a não-amada sexualidade se manifesta como acne cutânea – a acne impede o sexo. Pois a aparência feia da acne, afasta a outra pessoa (imagem interna e fantasia). O desejo reprimido se transforma em feridas na pele. A ligação íntima entre sexo e acne torna-se bem óbvia se considerarmos o local onde ela aparece (é visível aos olhos! É principalmente no rosto!) A vergonha da própria sexualidade se transfere para a vergonha que o jovem sente das espinhas.
Qualquer erupção demonstra que algumas coisas reprimidas (impedidas de se manifestar) desejam ultrapassar as fronteiras da repressão a fim de se tornarem visíveis (=conscientes). Uma inflamação qualquer da pele mostra alguma coisa que até então estava invisível (insatisfação, frustração, repressão, enfim, sentimentos que não conseguem ser expressos naturalmente) Isso talvez torne compreensível porque todas as doenças infantis, como sarampo, catapora, rubéola se manifestam na pele.
Uma das doenças cutâneas mais comuns é a psoríase, também chamada de descamação. Ela se manifesta por meio de discos ou fatias bem contornadas de tecido inflamado, coberto com escamas de cor branco-prateada. A camada calosa externa da pele é bastante desproporcional, a ponto de nos lembrar a formação de uma couraça. Aqui a função protetora natural da pele é transmutada em função de armadura: a pessoa estipula limites em todas as direções e não deixa entrar nem sair nada. Por trás de toda forma de defesa existe o medo de ser ferido.
Se tirarmos a carapaça do animal que a possui, encontraremos um organismo macio, vulnerável. Pessoas que permanecem na defensiva, aponto de recusar que alguém ou alguma coisa as toque, em geral são as mais sensíveis. Uma “casca grossa” muitas vezes esconde um “miolo mole”
A psoríase leva a rachaduras da pele, a arranhões e a feridas sanguinolentas. Através delas, aumenta o risco de uma infecção cutânea. Vemos aqui como os extremos se tocam, como a vulnerabilidade e a armadura concretizam o conflito entre o anseio por e o medo da intimidade. Com freqüência, a psoríase começa nos cotovelos. É com eles que abrimos caminho “a cotoveladas”, e são eles também que nos servem de apoio. É exatamente nesse local que se vê o endurecimento da pele e sua vulnerabilidade. A autolimitação e o isolamento atingem seu ponto máximo na psoríase, forçando o paciente, ao menos no plano físico, a tornar-se outra vez “aberto e vulnerável”.
Outro exemplo é a coceira. O prurido é um fenômeno que acompanha várias doenças cutâneas (como a urticária). Ela é sentida como um estímulo. Quando algo nos estimula de algum modo, estimula algo interior, seja a sexualidade, a agressividade, a simpatia ou o amor. Não podemos avaliar com clareza o que se entende por estímulo no âmbito humano. O estímulo é sentido de forma ambivalente. Não se pode confirmar se consideramos um impulso “estimulante”, ou se reagimos “irritados” contra ele.
Uma coceira física mostra que alguma coisa está nos arranhando ou estimulando no âmbito psíquico. Arranhar é uma forma suave de esgaravatar e de cavoucar. Assim como esgaravatamos e cavoucamos a terra a fim de descobrir algum tesouro enterrado, trazendo-o a superfície, da mesma forma os pacientes com comichão arranham a superfície da pele, a fim de descobrir simbolicamente o que os está atormentando, mordendo ou estimulando.
O acesso de coceira, portanto, sempre é um aviso de que há algo “nos coçando”, mostra que existe alguma coisa que “não nos deixa esfriar”, que está “ardendo em nossa alma”. Pode tratar-se de uma paixão ardente, de uma satisfação calorosa, de um amor resplandecente, ou também da chama da ira.
Enfim, o importante de tudo, é que tenhamos noção da importância de estarmos sempre expressando nossos sentimentos, pois ao sufocá-los, estamos causando lentamente danificações em nosso corpo. Seja através da pele, de algum órgão interno ou de nosso psiquismo. Sejamos autênticos, sejamos leais aos nossos sentimentos!