sábado, 12 de janeiro de 2013


“O BOI DA CARA PRETA!” a fantasia do medo!

Quem na vida já não teve ou não tem um medo se quer? Quem já não deixou de ir a algum lugar por medo de não conhecer? Ou deixou de ir até a cozinha tomar um copo d’água porque estava muito escuro? Ou até mesmo ficou a noite inteira acordado querendo ir ao banheiro, mas não foi porque ouviu um barulho estranho?

São muitas as histórias de medos diários em nossas vidas! Medos concretos, reais, imaginários, simbólicos, enfim, medos e mais medos que nos paralisam, nos impedindo, às vezes, de algo novo, de uma conquista nova, de uma vida diferente!

Mas de onde vêm tantos medos assim? Vários são os motivos!

Tudo inicia lá na nossa infância, quando ouvimos estórias fantásticas e assustadoras, contadas por nossos pais, irmãos, avós ou amigos! Estórias estas recheadas de mistérios, de situações conturbadas, momentos tensos e intensos de fantasias e sonhos!

Muitas vezes, sonhamos com essas estórias, e acrescentamos mais e mais mistérios e fantasias. Incluímo-nos nelas e vivenciamos arduamente cada cena, como se fossem reais!

Tornamo-nos heróis e vítimas em cada estória contada!

Ao mesmo tempo, em que vivenciamos toda esta emoção, infelizmente também crescemos com a imagem do medo imposto e declarado como castigo e ameaça, através de tentativas frustrantes e infelizes de nos educarem!

Quem, quando criança, não foi ameaçado em ser dado para o “homem do saco”? Quem não ouviu pelo menos os mais antigos, que se não ficasse quieto “a cigana iria passar por ali e roubá-lo?” Ou até mesmo que “seria deixado na FEBEM”? Ou quem sabe “o boi da cara preta vêm de noite pra te buscar”? Sem falar na bruxa malvada, no boi tatá, no lobo mau, enfim, tantas imagens distorcidas gerando medos, ansiedades e inseguranças!

Se cada adulto imaginasse o estrago que é em uma criança esse tipo de informação! Acredito que mais ninguém o faria! Se imaginassem que muitos problemas, enquanto adultos, que são trazidos e resolvidos em um consultório psicológico, são oriundos destas estórias e ameaças infantis... acho que mudariam de tática para conseguir educar seus filhos!

Medos, medos...

Por outro lado, existem os medos saudáveis, aqueles naturais, necessários para ativar nosso instinto de sobrevivência. O medo de morrer, de ficar sozinho, de se machucar, de não ter o que comer, enfim, medos mais simples que nos fazem movimentar com a vida para que estudemos, tenhamos um emprego, amigos, familiares, vontade de viver, de divertir-se, de manter a saúde, de proteger-se, enfim, atos necessários para nossa integridade física e emocional!

Não aqueles medos que nos congelam diante de uma decisão a ser tomada, pois o medo é maior que a ação, o medo de ser atacado pelo “lobo mau” é maior do que a necessidade de dizer que não quer mais! Seja para um trabalho, para um relacionamento, para uma situação constrangedora.

A insegurança gerada pelo medo é o que mais impede uma pessoa de seguir em frente com seus planos, suas metas e ideais. O medo do fracasso está relacionado à tormenta infantil de não ser forte o suficiente para vencer seus algozes! (homem do saco, bruxa, FEBEM, e assim por diante).

Além destes medos da fantasia, existem os reais, aqueles relacionados aos seus cuidadores! Medo de apanhar, de ser xingado, de levar um tapa, de ser abusado, enfim, tantos medos diante de seres tão grandes e tão fortes! E depois, como lidar com tudo isso na vida ali fora? Como enfrentar chefes, autoridades, colegas mais velhos ou mais experientes, pessoas que naturalmente passam a mensagem de poder, de força, de ameaça constante?   Medos...

Eles não nascem do nada! Nascem de uma educação repleta de ameaças, de duvidas, receios e fantasias!

Cuidemos da forma como lidamos com nossas crianças, pois elas são os adultos que nos tornamos!

Cuidemos para que os medos sejam apenas os mais naturais possíveis, os que nos servem para nos proteger, e não nos que se transformam nos que vão nos destruir!

Uma infância sadia, é um adulto equilibrado amanhã!

Psic. Nalú Vieira Alves

O que me convém!

A percepção humana é interessante! Vai de acordo com o que mais lhe convém! Se quero algo na vida e não consigo, digo que é o azar, se consigo digo que sou competente! Se planejo um passeio e não consigo realiza-lo penso logo que alguém “agorou”, se o passeio dá cero é porque planejei tudo direitinho!

Realmente nossa percepção dos fatos está diretamente relacionada ao que melhor nos convém!

Muito ouço situações em que as pessoas relatam, muito frustradas, que não conseguiram aquele emprego do século! Ficam sentindo-se a pessoa mais incompetente e inútil do planeta. Não conseguem visualizar outra coisa do que o NÃO recebido! Mais tarde, descobrem que aquele emprego era uma furada! Daí a percepção das coisas modifica: de incompetente passa a ser sortudo!

Mas não seria mais fácil, no momento do NÃO, pensar que talvez fosse melhor mesmo! Analisar todas as possibilidades e principalmente todas as alterações que ocorreriam em sua vida caso conseguisse aquele emprego? Por que pensar direto que é incompetente? Infelizmente é uma característica imposta ao ser humano, através de uma educação castradora e uma sociedade exigente e manipuladora!

Somos educados para vencer sempre, mas não somos estimulados a buscar, a ir à luta, a merecer! Somos exigidos na nossa educação a sempre querer mais, a querer ser “doutor”, a ter dinheiro! Mas são poucos os que ensinam ou estimulam seus filhos a serem justos, éticos e principalmente fortes!

E aquela situação em que “ela” está acreditando fielmente que aquele “homem” maravilhoso quer ficar com ela para a eternidade? Tudo está dando certo! Ele é romântico, carinhoso, bonito, amável, gentil, charmoso, bem sucedido, e com dinheiro! Daí chega alguém e diz: “ou já é casado ou é bicha”! E daí ela descobre que ele era casado!

Viu? Foi “olho gordo”, “sou azarenta mesmo”, “só comigo isso acontece”, “estava tudo perfeito”, enfim, serão muitas as lamentações!

Será que era olho gordo mesmo? Será que é azar?

Pensemos bem, tanta coisa boa em uma pessoa, não seria de desconfiar? Ou essa pessoa está tentando mostrar algo que não é ou é “ela” que não quer enxergar quem “ele” é!

Não existe ninguém perfeito, todos nós temos defeitos, temos alguma coisa que o outro não vai “curtir” tanto, mas mesmo assim vai aceitar, porque o todo do seu ser amado é o suficiente para abafar qualquer defeito!

Existem momentos da vida, que preferimos não enxergar as coisas, pois é mais fácil mais tarde acusar a outra pessoa, é mais tranquilo fazer-se de vitima ou de enganado, do que assumir que na verdade estava buscando somente aquilo que era o melhor, e o melhor pra si mesmo!

Enganar-se é muito fácil, basta fecharmos os olhos para a realidade e depois responsabilizarmos o “olho gordo”, a má sorte, ou até mesmo acusar outra pessoa de nossas falhas!

Não somos perfeitos, pois isso não existe! Somos repletos de qualidades, de potenciais, de brilho, de satisfações, de beleza, de alegrias, enfim, tantas coisas boas, porque nos concentrarmos no lado obscuro de nosso ser? Porque viver tentando entender e buscar respostas para nossos defeitos? Não seria melhor alimentar o que temos de belo para que tenhamos mais força para deixar o “lado negro” quieto, sem a necessidade de participar tanto de nossas vidas!

Não é negar as coisas ruins ou negativas que temos dentro de nós, é apenas não dar vazão a elas, não alimenta-las diariamente, é somente não dar a força desnecessária ao lado cruel e maquiavélico do ser humano!

Somos, ah somos sim maquiavélicos! Então, vamos conhecer mais a cada dia nosso lado belo e amável de ser! Vamos alimentar nosso lado humanitário, nossas qualidades, nossa forma maior de doação: o AMOR!

Sim, sim! Esta é minha percepção da vida! Esta é a que melhor me convém! Imaginar que ainda podemos ACREDITAR na beleza do ser humano, no maior sentimento que nos une: o AMOR.     

Psic. Nalú

 

Ano Novo vida nova!!!

Final de ano chegando e mais uma vez a lista de coisas novas e situações a serem resolvidas!

Muitos acham isso uma bobagem, para que fazer listas de coisas novas? É somente um dia que passou e uma data que mudou! Nada de diferente acontece!

Outros acreditam que naquele momento da virada de um ano para o outro, muitas coisas podem modificar, pois existe uma energia nova modificando e alimentando as esperanças e expectativas de uma nova caminhada!

São opiniões diferentes e diversificadas. São muitas pessoas pensando muitas coisas ao mesmo tempo! Uma energia intensa movimenta o Cosmo neste momento, pois nada acontece ou mantem-se do nada, pelo nada ou por nada! Tudo existe, de alguma forma, por ocorrer uma onda de energia através destes pensamentos. Sejam eles favoráveis ou não, há uma mudança ou estagnação!

Final de ano chegando significa que algo novo surge! Pois se alguma coisa termina, com certeza, outra inicia! E acreditar que nada de diferente acontece parece-me meio que “bitolador”! Pois pensemos com carinho: todo dia quando acordamos, vivenciamos situações diferentes, por mais que façamos mecanicamente as mesmas coisas, pois existem muitas outras coisas e pessoas ao nosso redor. Sofremos influencia de todos os lados. Ao convivermos com outras pessoas, estaremos abertos para receber energias diferentes que fazem com que tenhamos atitudes diferentes, pensamentos diferentes, informações diferentes, enfim, nada é igual o tempo todo!

Ao irmos para o trabalho ou estudo, também recebemos influencias diversas, pois são muitas as pessoas com quem convivemos, cada uma delas com um universo em si!

Então, se no nosso dia a dia sofremos influencias externas e passamos por modificações o tempo inteiro, como que na virada do ano nada de novo acontece?

Imaginem a quantidade de pessoas que neste momento, em que o relógio movimenta de um minuto para o outro nos indicando o termino de um ano e inicio de outro, estarão alegres, felizes, sorrindo, chorando de emoção, fazendo planos, realizando outros tantos, enfim, toda uma energia de luz, de força, de crescimento, de alegria, de amor! Imaginem se tudo isso junto, não consegue realizar alguma “mudancinha” em cada um de nós?

Com certeza que sim! E se formos pensar mais um pouco, veremos que essa onda de energia e mudanças vem do externo e vai para o externo! Como assim? Se o externo a nós influencia no nosso dia a dia, nós influenciamos o externo, consequentemente a vida de outras pessoas!

Isso é troca! Sim, troca de energia! E se realizamos isso todos os dias, imagina no dia que comemoramos o Ano Novo?

Então, façamos sim a lista de coisas novas para o novo ano! Pensemos calmamente em todos os problemas que ainda não foram resolvidos e que podem ser no próximo ano que inicia! Vamos pensar positivamente no momento da “virada” para que todas as energias se encontrem e que façam um ano mais belo e amoroso que este que está terminando! Vamos unir energias positivas, de amor e paz para que nosso mundo seja cada vez mais acolhedor e repleto de alegrias!

Tenhamos um ótimo término de ano e um perfeito começo de 2013!

Boas festas a todos nós!

Psic. Nalú Vieira Alves.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que pensar do natal?


por Psic. Nalú Alves

Você nunca se perguntou do porquê que no Natal muitas pessoas sofrem? Porque muitos não gostam? Dizem que é nostálgico, que é angustiante, que é uma data que não precisava existir?

Porque outras pessoas adoram, se divertem, curtem, passam dias na espera desta tão maravilhosa data?

Porque tanta diferença? Porque tanta amargura em uns e tanto amor em outros?

O que será que existe nesta data para que ocorra tantos sentimentos diferentes e intensos?

Quando fala-se do Natal, geralmente pensa-se em presentes. Uma árvore bem grande, enfeitada com bolas coloridas e repleta de presentes para todos e de todos os tamanhos.

Pensa-se na ceia, nos pratos variados e maravilhosos a serem servidos. Quais as bebidas que melhor combinam e principalmente, quem vai trazer o que para o encontro.

Combina-se onde vai ser a ceia, na casa de quem desta vez? Ano passado foi na casa da vó, no retrasado foi no da mãe e neste? Um empurra-empurra, que acaba sempre “sobrando” para o que começou a questionar!

Tudo tão bonito e ao mesmo tempo tão cansativo!

Nos locais de trabalho as pessoas começam a marcar encontros para o “amigo secreto”. Reclamam que vão gastar mais ainda, “não basta com os de casa!” E vamos tudo de novo: onde vai ser o encontro, quem leva o que, qual o valor máximo do presente, enfim, questões a serem resolvidas!

Quem tem filhos passa a reclamar que na escola também tem esse negócio de “amigo secreto”. Mais presente, mais comida, mais decoração, mais, mais, mais......

Mas afinal de contas, o que é esse tal de “amigo secreto”? Será que está tão difícil ser amigo que tem que ser secreto? Bem, mas isso deixamos para uma nova conversa. Agora estamos falando do Natal!

E as feirinhas? Cada vez mais aparecem “Feiras de Natal”! Locais encantadores, com artesanatos maravilhosos, tudo muito lindo, muito gracioso, presentes fabulosos, onde podemos imaginar cada um de nossos entes amados representados por cada um daqueles objetos! Compramos um a um com muita boa vontade, para homenagear a cada pessoa que amamos com presentes personalizados!

Natal... pois é! Tanta coisa bonita, envolvente, sedutora! Músicas, decorações, presentes, comidas, enfim, tudo tão belo, como pode ainda ter pessoas que não gostam?

Talvez por não terem a quem presentear? De quem receber presente? Por não ter com quem cear ou oferecer uma ceia? Ou por não apreciar o belo, o prazer, a alegria? Por serem tristes, que apreciam alimentar-se da solidão, da amargura, do rancor...

Natal... Se deixarmos de lado toda essa parte “comercial” da data e avaliarmos seu significado real, veremos que é muito mais que isso que falamos até aqui.

No Natal o “cara lá de cima” que chamamos de Deus, enviou um representante seu, direto, para que convivesse conosco e nos ensinasse alguma coisa a mais que não fosse comprar, comer e beber! Que nos ensinasse a compaixão, o perdão, a liberdade sem desrespeito, a doação, a amizade, o amor, gente o amor! Natal é isso! Amor!

Por isso é tão complicado. Como se sentir bem no Natal, se nesta data as pessoas deveriam se reunir para confraternizar o amor, o perdão!

Não há espaço para o ódio, a amargura, dor e o sofrimento! No Natal deveria-se abandonar todo e qualquer sentimento amargo, duro e sofrido, e não as pessoas!

Deveria-se presentar um ao outro com um abraço verdadeiro, com um sorriso no rosto de satisfação por estar junto, com uma palavra de amor, um gesto de carinho!

Natal... é sentimento puro, não é comercio! Natal é entrega, é permitir-se, é aliviar-se da dor. É encontrar-se com quem se ama, mesmo que se esteja magoado. É abandonar a mágoa e encontrar-se com o amor.

Natal é isso! É a magia dos sentimentos! É poder retornar a algum lugar onde haverá pelo menos um ser a te esperar! É poder chorar à vontade por estar junto de teus familiares, teus amigos, teus amores! É poder sorrir e perder-se na alegria por estar vivendo este momento tão sublime de encontro, de compaixão, de perdão, de eterno amor!

Natal é momento sagrado, momento de alegria, de satisfação, de reencontro, de recomeço, de inicio de um novo momento, basta permitir-se, basta acreditar, basta querer!

Não consegue sentir o Natal como uma data maravilhosa, aquele que não consegue se libertar da dor do sofrimento que se impõe a cada dia! Àquele que não consegue internalizar a doce magia de amor e de perdão. Que não consegue entender a grandeza de poder se perdoar e poder viver algo maravilhoso ao lado de outro alguém!

Vivenciamos juntos, todos, essa data maravilhosa, tenhamos um Natal de muito amor, de muita alegria e satisfação. Cada um com seus entes queridos sejam pais, filhos, maridos e esposas, primos, tios, amigos e colegas, não importa, o que importa é que seja com muita alegria e satisfação. Que seja com muito amor no coração para que possamos elevar aos céus uma energia pura e grandiosa que alcance todos aqueles que já estiveram junto de nós e que em outros momentos também participaram de muitos Natais!
Um Feliz Natal a todos, muita luz, muita paz e muito AMOR!
 Psic. Nalú Vieira Alves.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Compulsivamente devorando sentimentos.

Se desejarmos realmente nos libertar de alguma coisa, temos de nos dar ao trabalho de pensar sobre ela até edifica-la, do contrário, isso não digerido ficará se reapresentando indefinidamente. Uma vez entendida, pode ser esquecida, passando a fazer parte da história da pessoa no arquivo do passado.

A repetição de comportamentos associa-se aos conteúdos psíquicos que não conseguimos edificar. A “compulsão à repetição” seria observada sempre que uma recordação não tem êxito. Quando o recordar algo se mostra falho, o individuo reproduziria a experiência reprimida não como uma lembrança a ser revelada ao exterior, mas por meio da repetição de alguma ação.
Nenhum individuo pode realmente se lembrar de todas as incidências e consequências de um evento de sua vida, e todas as nossas recordações sofrem, inevitavelmente, transformações. E as recordações podem, até mesmo, ter
significado de defesa contra o autoconhecimento.

Uma característica da compulsão à repetição é o fato de se repetir de diferentes modos, sem nenhuma consciência de que se está repetindo um conteúdo similar, o que constitui um dos fatores de sua recorrência continuada.

Pulsão e compulsão são elementos da mente e ocorrem em diferentes intensidades e momentos da vida. Alguns perdem o equilíbrio emocional de forma muito grave, no entanto, não é o que acontece com a maioria, em que os danos não são excessivos. Todos têm condutas restritivas, fazemos dietas, exercícios ou bebemos em festas, mas a compulsão é diferente, ela é o excesso de um determinado comportamento que está associado à descarga de tensão, de dor.

 Como a dor psíquica não pode ser experimentada, ela é canalizada para a ação motora: a compulsão. Significa um agir angustiado, repetitivo, intenso, e que resulta no ato de anestesiar a dor, transformando-a em dor corporal. O que é psíquico é vivido no corpo, como físico. Na verdade, o corpo vem em socorro da mente, entra em cena para protegê-la de uma dor psíquica insuportável.

A psicoterapia não visa à supressão, repressão do comportamento compulsivo, seu objetivo é o fortalecimento da mente para que esta esteja apta a suportar maior intensidade de sofrimento sem precisar recorrer a esse tipo de defesa compulsiva.

A organização mental se articula por meio de princípios rígidos, leis autoritárias, regras definitivas e fixas. Nessa área a mente funciona de acordo com o princípio do prazer, isto é, evitando desprazer a todo custo.

Diante de uma frustração, a dor é tão forte que o aparelho mental não consegue elaborar uma alucinação do prazer que vise à elaboração da dor. Esta condição é necessária para a percepção de emoções e de imagens as quais, armazenadas na memória, resultam em formulações disponíveis para a formação de pensamentos, o que implica na possibilidade de lidar com o real de modo a produzir respostas mais eficientes.

O que ocorre, ao contrário, é uma tentativa ultima de evitar o aniquilamento psíquico diante da dor. A pessoa desenvolve uma série de recursos internos relacionados, que lhe garante não o conforto, mas a sobrevivência. Não uma boa solução, mas a acomodação possível.

Nos casos graves, a fragilidade da mente é tal que o simples existir é motivo de sofrimento, de desprazer. É como se não houvesse um ego capaz de fazer filtragem dos estímulos da vida, um ego que deseje que selecione. E a consequência é a compulsão, para o comer, por exemplo, em que a pessoa come indiscriminadamente. Parece que existe aparelho digestório. Melhor dizendo, existe comida, que entra e sai, sem ser digerida e transformada em alimento.

O alimento, tanto real quanto psíquico, está sempre em trânsito. Nada fica. Nada é retido. Nada é selecionado. Não há o que memorizar. Não há sofrimento e dor; ficam eliminados porque não existem.
As relações de conflito do cotidiano, então, são vividas não com o outro, com o meio social, mas com o próprio corpo, com
– do recém-nascido ao adolescente. Além de ser seu organismo, na sua fisicalidade. A competição é vivida entre a pessoa e seu estômago, suas vísceras e sua necessidade de alimento. Nesta área, a pessoa sempre ganha a competição, porque é autoridade absoluta. Em relação ao seu corpo, tenta superá-lo, dominá-lo, subjugá-lo à sua vontade autoritária, isto é, à satisfação básica de realizar-se para si própria.

Vemos que a alimentação ocupa lugar central na relação entre pais e filhos um modo de ser manter vivo e aplacar a fome, comer é um meio de troca, comunicação e, às vezes, motivo de oposição e de chantagem. É em torno do ato da nutrição, que se forma a primeira relação.

Desde as primeiras mamadas, a alimentação se dá em um contexto social rico de sensações, no qual estão envolvidos não apenas gosto e olfato, mas também o tato: acolhido nos braços da mãe, o bebê coloca os lábios no mamilo. Esse contato cria uma atmosfera afetiva em que a sucção, a deglutição, a digestão e, mais tarde, a mastigação assumem significados psicológicos que vão além do ato alimentar. O leite se funde ao corpo da mãe. Não é bom apenas para sugar, mas para imaginar. Seu perfume e sabor associam-se a sensações de bem-estar, serenidade e afeto.

O aleitamento é um período especial, pois nele são engendradas as bases do sentimento de segurança interior sobre o qual, posteriormente, constrói-se a personalidade.
A mãe constantemente agitada ou angustiada transmite uma sensação de alarme: o recém-nascido percebe sua inquietude por sinais que ela expressa pela tensão muscular, pelo tom da voz, no modo como o segura e o carrega. A mulher infeliz ou deprimida não consegue transmitir serenidade: amamenta de modo mecânico, sem envolvimento. Assim como a indiferença, a pressa é um sinal que incide sobre a relação. Não é apenas a mamada, mas o que vem depois: quando está satisfeito, o lactente abandona-se nos braços da mãe, que deveria permanecer um pouco mais com ele.

Se o único tipo de relação com a mãe é a que passa pelo alimento, a criança de sete meses pode vomitar logo depois de comer, na tentativa de prolongar a relação. Se isso não for entendido como um pedido de atenção por parte da criança, um círculo vicioso poderá ter início – a mãe se angustia pensando que o bebê está doente e ele, por sua vez, continua a vomitar em busca de atenção e em resposta à agitação dela.

Para ser o centro das atenções, a criança de 2 ou 3 anos, em vez de vomitar como fazia aos 7 meses, passa a recusar alguns alimentos consumidos habitualmente pelo resto da família, transformando-se em umproblemapara os pais.

A criança sabe que o alimento é um ponto delicado, sabe do valor que o pai e a mãe dão às refeições. Assim, recusá-las é um modo de exercitar a chantagem afetiva.

A equação alimento igual a afeto está tão consolidada que, quando os filhos não comem muito, certos pais sentem-se culpados por achar que não estão cumprindo seu papel.
Sob o estímulo de um reflexo condicionado, comer em excesso pode se transformar em uma maneira rápida, imatura e inconsciente de buscar consolo, de enfrentar frustrações e decepções, de combater o tédio ou de preencher um vazio afetivo, com todas as consequências que isso acarreta para o próprio desenvolvimento físico e psicológico.

Voltamos ao inicio do texto: não havendo uma edificação da relação mãe-filho na fase da amamentação, enquanto adulto o individuo buscará inconscientemente um meio de compensar a dor psíquica através de comportamentos compulsivos. Havendo entendimento, tudo isso passa a fazer parte da história de vida desta pessoa!

Ou seja, vamos buscar o entendimento de nossas vidas, para que não busquemos comportamentos “descontrolados” e repetitivos, gerando a cada dia mais e mais sofrimentos.

Psic. Nalú.