Nós é que
provocamos os nossos acidentes, da mesma
forma como
“buscamos” nossas doenças. A responsabilidade de tudo
o que acontece em
nossa vida
é nossa.
O conhecimento
de que os acidentes
têm uma motivação inconsciente não
é novo. O próprio Freud
sugeriu há tempos atrás
em seu
livro Psicopatologia da Vida Cotidiana, que
acidentes como
lapsos lingüísticos,
esquecimentos, perda
de objetos e outros
deslizes são
de fato o resultado
de intenções inconscientes.
“Na maioria
dos acidentes, está implícito
um elemento
intencional, mesmo
que mal
se possa percebê-lo conscientemente.”
Se na vida de uma pessoa acontece
um acidente
depois do outro,
esse fato
revela que ela
ainda não
conseguiu resolver seus
problemas na consciência
e que, portanto,
faz escala no aprendizado
à força. Um
acidente questiona de forma
súbita o modo
de a vítima fazer
as coisas. Trata-se de uma ruptura em sua vida e como tal, deve ser analisada. Devemos nos questionar do porque estamos
passando por tantos fatos acidentais, tantas situações aparentemente
desconectadas. Será que não estamos sendo imprudentes com a nossa própria vida?
Com nossos objetivos? Será que não estamos esquecendo de nos olharmos e nos
cuidarmos? Às vezes, um acidente acontece simplesmente para pararmos um pouco e
observarmos o que estamos fazendo de nossas vidas!
Um acidente
é uma caricatura da própria
problemática – e é exatamente
tão doloroso
e incisivo quanto
qualquer outra
caricatura.
Ao falar de um acidente
que aconteceu, basta ouvir com
cautela o modo
como as pessoas
descrevem o ocorrido. A duplicidade de nossa
linguagem acaba por
nos trair. Infelizmente, sempre
tornamos a constatar que
falta às pessoas
o ouvido para
captar esses
inter-relacionamentos. Assim sendo,
pedimos que o paciente
fique repetindo sua descrição
até que
algo lhe
desperte a atenção.
Portanto, no contexto
dos acidentes de trânsito,
por exemplo,
podemos nos desviar do caminho – perder
a direção – perder o controle – atropelar alguém, etc. Por
exemplo, um
homem está com
tanta pressa
que não pode mais frear e assim bate no
veículo de outro
à sua frente
ou se
aproxima demais, estabelecendo dessa
forma um contato muito
íntimo (“dar
um cutucão
em alguém”).
Esse impacto
é sentido como
um choque , na maior
parte das vezes
os motoristas não
trombam apenas os carros,
mas agridem
o outro com
palavras.
A resposta
à pergunta inevitável,
“quem foi o culpado pelo
acidente?”, em
geral é, “eu
não pude frear a tempo”.
Isso revela que
a pessoa está acelerando tanto
um determinado
setor de sua vida que acaba
pondo em risco
esse próprio setor. As pessoas
envolvidas num acidente devem
interpretá-lo como um
sinal de alerta:
é preciso diminuir
a correria e estabilizar
o ritmo de vida
ao menos durante
certo tempo. “Acontece que
não o vi”, é uma indicação
clara de que
a pessoa implicada está deixando de ver
algo muito
importante em
sua vida.
Está tão apressada para fazer as coisas ou para resolver a vida, que não está
conseguindo visualizar as coisas com calma e precisão. Como não enxergar um
carro à sua frente? Ou atravessando um a rua? Provavelmente devia estar tão
absorvido por seus pensamentos, que não estava prestando tanta atenção ao que
estava fazendo, ou seja dirigindo!
Uma pessoa
“corta a frente de alguém”
no trânsito, outra
“desrespeita a sinalização”, outra ainda
“ultrapassa barreiras” e “tem de tirar o carro da lama”. De repente
elas não
conseguem enxergar direito,
ignoram os sinais de trânsito, erram o caminho,
batem nos obstáculos
da pista. O que será que está ocorrendo
com essas pessoas? Será que o estresse da vida cotidiana precisa tomar conta de
nós desta forma? Porque temos que infringir tantas regras? Com certeza não são
somente as do transito que são esquecidas e não observadas. Provavelmente quem
passa o sinal vermelho da rua, deve ultrapassar os sinais vermelhos da vida!
Quem não respeita um pedestre que está atravessando na faixa de segurança,
provavelmente não deve respeitar as pessoas com quem convive. Deve pensar
somente em si e na sua necessidade de continuar sua trajetória e no seu ritmo!
Sem deixar de falar que
dirigir um carro simbolicamente significa dirigir a sua própria vida! Então,
prestemos a atenção em como estamos ao volante para que possamos dirigir nossas
vidas por estradas cada vez mais tranqüilas e seguras!
Se formos falar em outros
tipos de acidentes, nos deparamos com os domésticos e do trabalho,
e seu simbolismo
é quase ilimitado. É preciso, portanto,
analisar cada
caso isoladamente.
Por exemplo, as
queimaduras sempre indicam que não estamos
avaliando muito bem
algum perigo,
ou então,
que nem
o estamos percebendo. Queimaduras nos
tornam conscientes de que estamos
brincando com algo
perigoso. É por
isso que
a palavra fogo
ainda tem uma correlação
bastante óbvia
com o tema
amor e sexualidade.
Podemos então dizer
um amor
ardente, uma paixão
abrasadora, a gente pega
fogo, ardemos de amor,
nosso coração
está em brasa;
de fato, até
chamamos a namorada de “luz da minha vida”.
As queimaduras atingem a pele, que é o limite da pessoa. É com a personalidade
que estabelecemos nossos
limites e nos
isolamos, e isso impede o amor. A fim de
podermos amar, precisamos “pegar
fogo”, e nos
acendermos na chama da paixão para carbonizar
nossas fronteiras. Quem
não estiver pronto
para isso
pode ter a pele
queimada por
um fogo
exterior em
vez de queimada
pelo fogo interior: dessa forma se queima com violência, se rompe e fica vulnerável.
Muitas vezes nos
deparamos com profissionais que sofrem acidentes com freqüência em seu local de
trabalho. Ao conversarmos com eles e deixarmos que realmente expressem seus
sentimentos, verificaremos que muitas vezes estão descontentes com um colega,
com uma chefia imediata, com o salário ou até mesmo com sua valorização
profissional na empresa.
Enfim, precisamos estar
mais atentos aos nossos atos, analisar um pouco mais a vida e verificar onde
estamos deixando de nos enxergar. Acidentes não existem, são apenas uma forma
de chamarmos a atenção de nós mesmos. Pense nisso!
Psic. Nalú!
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