O batimento
cardíaco é um
ritmo harmônico e estreitamente
controlado. Se, durante o funcionamento rítmico, o coração
de repente bater
mais devagar
ou se acelerar,
estará acontecendo um distúrbio da ordem
cardíaca, ou
seja, um desvio
do equilíbrio normal.
Se levarmos em conta os vários usos idiomáticos da palavra
coração, veremos que
ela sempre
está associada a situações
de cunho emocional.
Uma emoção é algo
que o ser
extravasa, é um movimento
que parte
de seu íntimo
(do latim, emovere = mover para
fora de si
mesmo) Diz-se: meu coração pula
de alegria – meu
coração parou de tanto
medo – meu coração está prestes
a estourar de tanta
alegria – meu
coração parece querer
saltar do peito
– meu coração
ficou entalado na garganta – sinto um peso no coração – eu a tinha perto do coração – o seu
coração levou a situação
muito a sério.
Se falta a uma pessoa
esse lado
emocional que
independe da razão, ela
dá a impressão de ser
impiedosa (sem
coração). Se dois
amantes se casam, dizemos: eles uniram seus
corações. Em
todas essas expressões o coração é o símbolo
de um centro
do ser humano
que não
é controlado nem pelo
intelecto nem
pela vontade.
Podemos até mesmo afirmar que os seres humanos
têm dois centros:
um superior
e outro inferior
– cabeça e coração,
entendimento e sentimento.
De uma pessoa “perfeita”
esperamos que ela
tenha ambas as funções em equilíbrio harmonioso. A pessoa puramente intelectual
causa uma impressão
unilateral e fria.
O ser humano que só vive dos
sentimentos nos
parece muitas vezes caótico
e desorganizado. Só quando
ambas as funções se completam e se
enriquecem mutuamente é que a pessoa nos parece “inteira”.
As perturbações cardíacas
costumam atacar aquelas pessoas
que não
estão preparadas para serem sufocadas por uma “antiga
emoção” que
as arranca da rotina corriqueira.
Nesses casos, a perturbação cardíaca acontece pelo fato de faltar segurança às pessoas que se deixam envolver por suas emoções. Elas
se apegam ao raciocínio e a um estilo habitual de vida
e não estão dispostas a permitir
que essa rotina
seja perturbada por sentimentos
e emoções. Não
desejam que a regularidade de sua vida seja
perturbada por extravasamentos
emocionais. No entanto,
nesses casos, a emoção
apenas se somatiza e o coração começa
a apresentar problemas
por conta própria. O batimento
cardíaco se acelera e força tais pessoas a “ouvir seus corações”.
Podemos senti-lo e
ouvi-lo em condições
de estresse, quando
ficamos emocionados ou doentes. A batida
cardíaca chama
nossa atenção
consciente só
quando algo
é excitante ou
se grandes modificações estiverem prestes a ocorrer em nossa vida. Eis aí a chave para descobrirmos e entendermos todos
os nossos problemas
cardíacos: os sintomas
cardíacos nos
forçam a “ouvir nossos
corações” outra
vez. Os pacientes
cardíacos são
pessoas que
ouvem unicamente suas cabeças e cujo coração não tem
quase nenhuma importância.
Quando o medo de
ter sensações
ou sentimentos
se torna grande
demais, a ponto
de a pessoa só
confiar numa regra
absoluta, ela
se submete à instalação de um marcapasso. Nesse caso,
o ritmo vivo
é substituído por uma máquina ritma. O
que até
então era
feito pelo sentimento, é assumido pela
máquina. Perde-se de fato a flexibilidade de adaptação
do ritmo cardíaco
mas, em
compensação, os sobressaltos
de um coração
vivo deixam de representar
uma ameaça. Quem
tem um coração
“apertado” é vítima
de suas forças
egóicas e de sua ânsia
de poder.
Já vimos que
o hipertônico é uma pessoa agressiva
que reprime a própria
agressividade através do autocontrole. Essa estagnação de energia
agressiva se descarrega por meio do infarto; o coração
parece despedaçar-se. O colapso cardíaco é a soma de todos os socos que não foram dados.
Psic. Nalú!
Nenhum comentário:
Postar um comentário