sexta-feira, 28 de outubro de 2011

OS RINS E A FILTRAGEM DAS RELAÇÕES


Os rins representam a ligação da parceria. Dores renais e moléstias dos rins sempre surgem quando estamos envolvidos em conflitos com nossos parceiros.
O homem perfeito é andrógino, ou seja, aquele que uniu as características masculinas e femininas de sua alma numa unidade. Não se deve confundir a androginia com o hermafroditismo; naturalmente a androginia se refere ao âmbito psíquico; o corpo mantém sua sexualidade. Ser um homem significa identificar-se com o pólo masculino da alma, e assim, o aspecto feminino passa automaticamente ao âmbito da sombra. Ser mulher, de forma semelhante, significa identificar-se com o pólo feminino da alma, enquanto o masculino se retrai para a sombra. Nossa missão é tornarmo-nos conscientes de nossa sombra. No entanto, só podemos fazer isso através do recurso da projeção. Precisamos encontrar o que nos falta através do mundo exterior, embora isso esteja de fato dentro de nós, o tempo todo.
Aquilo que amamos ou odiamos nas outras pessoas está, afinal, dentro de nós mesmos. Assim, sendo, falamos em “amor”, quando alguém apresenta características de sombra que gostaríamos de tornar consciente; e falamos de “ódio” quando alguém apresenta uma camada muito profunda de nossa sombra com a qual ainda não queremos nos defrontar. O encontro com um parceiro é o encontro com o desconhecido de nossa própria alma. Todas as dificuldades que temos com nosso parceiro são dificuldades que temos com nós mesmos.
O objetivo ideal de uma união é proporcionar a duas pessoas condições para se tornarem cada qual seu próprio todo. Uma união conjugal atinge sua finalidade quando um não precisa mais do outro. Só nesse caso é que se cumpre de fato a promessa do “amor eterno”. Isso só ocorre quando aceitamos na alma tudo o que o parceiro representa, quando acolhemos todas as projeções e nos unimos a elas. Dessa forma, a pessoa como tela de projeções, fica vazia e o amor então se torna eterno, isto é, independente do tempo, visto que foi concretizado na própria alma.
Os problemas surgem quando ambas as partes “usam” o relacionamento de modos diferentes, na medida em que um elabora e reabsorve suas projeções e o outro fica completamente estagnado nelas. Então chegará o ponto em que um se torna independente do outro, enquanto o coração deste outro se “quebra” de dor. Se, porém, ambas as partes ficarem estagnadas na projeção, temos o caso em que o amor dura até a morte, e depois há o grande luto porque falta a outra metade!
Todas as substâncias absorvidas pelo corpo acabam por se transformar em sangue. O trabalho principal dos rins é servir de estação de filtragem. Para exercê-lo, eles têm de saber reconhecer quais substâncias são benéficas ao organismo e podem ser usadas, e quais são resíduos tóxicos, e, portanto venenosas, que precisam ser eliminadas. Os rins têm à sua disposição vários mecanismos para cumprir essa difícil tarefa. O primeiro passo do processo de filtragem funciona segundo o modelo de um filtro mecânico, no qual são retidos pedaços de determinado tamanho. Os poros desse filtro têm o tamanho exato para reter as menores moléculas das proteínas (albumina). O segundo passo do processo, bastante mais complicado, se baseia na mescla de dois princípios, o da osmose e o do contra fluxo. Em essência, a osmose consiste na compensação entre a pressão e a concentração de dois fluidos, separados um do outro por uma membrana semipermeável. Durante o processo, o princípio do contra fluxo faz com que ambos os líquidos, cuja concentração é diversa, sempre tornem a passar perto um do outro; a conseqüência disto é o fato de os rins poderem, caso necessário, excretar urina altamente concentrada (urina matinal). O objetivo final deste equilíbrio osmótico é assegurar ao corpo a capacidade de reter os sais vitais ao organismo, dos quais, entre outras coisas, depende o equilíbrio entre os ácidos e a base.
Toda união conjugal de certa forma procura harmonizar e equilibrar ambos os pólos, o masculino (ácido, Yang) e o feminino (básico, Yin). Tal como os rins, que devem garantir o equilíbrio entre ácido e básico, a união tem de funcionar analogicamente no sentido da obtenção da totalidade: um parceiro, através do relacionamento, concretiza a sombra do outro.
O pior risco que qualquer união pode enfrentar enquanto dura é a convicção de que todas as formas problemáticas ou perturbadoras de comportamento são causadas unicamente pelo outro e que nada tem a ver conosco. Se este engano se somatizar, os rins também deixam que substâncias de importância vital (albumina, sais) passem pelo sistema de desenvolvimento ao expeli-las para o mundo exterior. Com isso, demonstram a mesma incapacidade de reconhecer que determinadas substâncias importantes são suas, como a psique que não reconhece que certos problemas lhe pertencem e que por isso os transfere para terceiros.
Os cálculos renais acontecem como resultado da sedimentação e da cristalização de determinadas substâncias presentes na urina em quantidade excessiva. O risco da formação de pedras nos rins está intensamente relacionado à quantidade de líquidos ingerida; grandes quantidades de líquidos diminuem a concentração dessas substâncias e acarretam sua solubilidade. Se, mesmo assim, se formar um cálculo, ele interrompe o fluxo e pode ocasionar um ataque de cólicas.
No nível psíquico, é fácil ver as correlações. A pedra bloqueadora é feita de substâncias que, em última análise, teriam de ser expelidas por não contribuírem mais para o desenvolvimento do corpo. Ela corresponde a um acúmulo de assuntos que já deveríamos ter solucionado há tempos, visto não serem úteis para nossa evolução. Quando nos apegamos a assuntos sem importância ou ultrapassados, eles bloqueiam a corrente do desenvolvimento e ocasionam uma estagnação. O sintoma da cólica também obriga aquele movimento que, na verdade, tentamos impedir devido ao nosso apego. O médico exige do paciente exatamente a atitude correta: saltar. Só um salto para além do que é velho pode mobilizar outra vez o fluxo da vida e livrar-nos dos velhos temas (a pedra).
No auge do processo patológico, como a  Fibrose Renal e os Rins Artificiais,  a máquina torna-se o parceiro perfeito, depois que não nos prontificamos a solucionar os problemas com um parceiro vivo e ativo. Quando nenhum parceiro é perfeito, ou suficientemente confiável, ou quando o desejo de liberdade e de independência é forte demais, encontra-se no rim artificial um parceiro que além de ser ideal e perfeito, ainda apresenta a vantagem de não ter vontade própria nem a obrigação de ser fiel e confiável; ele faz tudo o que dele se espera.
Desta forma aprende-se que na verdade não existe um parceiro perfeito – ao menos enquanto a própria pessoa doente não for perfeita.

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