A
homossexualidade como opção sexual não pode ser objeto de tratamento porque não
é um desvio ou uma doença. É um erro a proposta de alguns terapeutas de
tentarem mudar a orientação sexual do sujeito.
O
que a Psicologia faz é trabalhar com o sofrimento que pode acompanhar a escolha
sexual como culpabilidade, perigo de certas fantasias, impossibilidade de amar,
etc.
Os
motivos, ou as origens, da homossexualidade podem ser vários e só seriam
elucidados num tratamento analítico, uma vez que são extremamente singulares.
Na mais tenra infância, os seres humanos apresentam uma disposição psíquica
bissexual e o fato de ser homo ou heterossexual só é determinado na
adolescência. Essa determinação se relaciona com a gama de identificações e
possibilidades de articular o desejo de cada sujeito.
A
aceitação da própria homossexualidade por parte da família e do círculo social,
em geral, é uma das principais aflições pelas quais passa o indivíduo com tal
orientação. A falta de aceitação familiar é muito triste porque depende-se do
olhar do outro que é amado, que é idealizado e que organiza a vida afetiva.
Os
homossexuais tendem a se proteger em grupos, o que pode evitar a riqueza e a
plasticidade das trocas sociais. Os pais devem aceitar as tendências dos filhos
como algo que facilita o desabrochar de talentos e de uma vida sexual e afetiva
mais satisfatória.
A
primeira reação dos pais, quando percebem que um dos seus filhos é homossexual,
é preconceituosa. “Eu não quero isso. Não quero saber sobre isso. Por que tinha
que acontecer isso comigo?” são alguns dos posicionamentos que afloram quando
da descoberta. A homossexualidade do filho surge como uma tragédia num primeiro
momento, com raras exceções. Apesar de menos freqüente, hoje alguns pais chegam
a colocar os filhos para fora de casa de várias maneiras: seja deliberadamente,
seja afetivamente.
Passado
o primeiro momento, em geral ocorre a fase da culpa: os pais sentem-se culpados
e o homossexual se torna uma vítima. Geralmente os pais sentem-se muito
frustrados, imaginam que o (a) filho (a) não lhes dará netos e que passarão por
constrangimentos sociais, mas a orientação sexual em si não os deixa mais tão
envergonhados.
Atualmente
é raro o paciente buscar o tratamento para mudar sua orientação. A maioria vem
porque se sente pouco acolhida socialmente, ou querem iniciar sua vida sexual;
ou são pais de adolescentes que já se definiram e não conseguem lidar com tal
situação. São sessões para esclarecer e que podem orientar o jovem a praticar
sua sexualidade de maneira responsável.
Muitas
vezes, o acompanhamento detecta casos de indefinição sexual, questões
relacionadas a uma imaturidade na adolescência em relação à própria definição
sexual e que se apresentam equivocadamente como homossexuais.
A
definição da Organização Mundial da Saúde é a de que homossexual é aquele que
se sente atraído e tem fantasias por pessoas do mesmo sexo.
É
bom lembrar que a prática sexual com parceiros do mesmo sexo biológico nem
sempre foi vista como um pecado social na história formal. Historicamente, a
sexualidade tem sido condicionada por padrões morais mais ou menos arbitrários,
suportados por determinações de caráter religioso ou por argumentos médicos.
É
exatamente Freud, que, diante de seus estudos sobre a sexualidade, apresenta a
questão do homossexualismo de uma forma dinâmica, relacionada ao funcionamento
psíquico e não preconceituosa.
Por outro lado, praticamente coloca toda a humanidade
no mesmo saco quando estabelece estágios originais de homossexualidade e
bissexualidade para todos os indivíduos em uma idade precoce, quando bebês e
diferenciações de acordo com as relações que estabelece com os objetos
parentais iniciais.
Em
1905, no texto Três ensaios sobre a sexualidade, chamando homossexualidade ou
bissexualidade de inversão, Freud afirma que, ao contrário dos proclames
médicos e jurídicos da época, “os invertidos não podem ser definidos como
degenerados” já que “(1) a inversão se manifesta em pessoas que não apresentam
outros desvios graves do normal. (2) também é encontrada em pessoas cuja
eficiência não sofreu qualquer alteração e que se destacam realmente por um
desenvolvimento intelectual e uma cultura ética particularmente elevada”.
Em
1973 a Associação Psiquiátrica Americana (APA) teve a iniciativa de retirá-la
da lista de transtornos mentais e da qualidade de doença. E em 1985, com a
revisão do Código Internacional de Doenças (CID 10), a homossexualidade perde,
no Brasil, o caráter de desvio e transtorno sexual. Em 1993, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) adota o termo homossexualidade no lugar de
homossexualismo, já que o sufixo “ismo” era utilizado para identificar doenças.
Em 1999, entra em vigor a
Resolução nº 001/99, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que reitera que a
“homossexualidade não constitui doença, distúrbio nem perversão” e, por isso,
“os psicólogos deverão contribuir para a reflexão sobre o preconceito e o
desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que
apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas” e “que esses profissionais
não devem colaborar com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das
homossexualidades”.
O
ano de 1969 é o marco da história do movimento homossexual mundial. Na noite de
28 de junho de 1969, alegando o descumprimento das leis sobre a venda de
bebidas alcoólicas, policias tentaram mais uma vez fechar o Stonewall Inn, bar
freqüentado por homossexuais no Greenwich Village em Nova York. O atrito tomou
dimensões amplas e paralisou a cidade, com os homossexuais reagindo aos
policiais portando garrafas e pedras, gritando frases como “Poder Gay e sou
bicha e me orgulho disso”.
Desde
o fato, essa data é comemorada em mais de 140 países como “Dia Internacional do
Orgulho Gay”, sendo que a primeira parada ocorreu em 1970, nos Estados Unidos.
O Brasil veria a estréia do evento em São Paulo, exatamente 25 anos mais tarde,
em 1995. Os movimentos gays não estão preocupados em descobrir as causas
congênitas ou adquiridas da homossexualidade, mas sim discutir direitos sociais
e políticos.
No
campo dos direitos houve muitos avanços, a legislação sobre casais gays teve
início em torno de 1989, quando a Dinamarca se tornou o primeiro país do mundo
a aprovar a união civil entre homossexuais. Em seguida a Noruega, em 1993, e a
Suécia, em 1994, aprovando uma lei que, além de permitir a união entre gays e
entre lésbicas, dava aos casais homossexuais os mesmos direitos garantidos aos
casais heterossexuais.
Em 1995 foi a vez da Hungria e, em 1999, a da França. Em 2000, a Holanda
que já permitia a união civil, legalizou o casamento por casais do mesmo sexo e
a adoção de crianças. Em 2002 foi a vez da Alemanha permitir a união
civil e, no ano seguinte, a Bélgica, o Reino Unido e o Canadá tomaram a
mesma iniciativa. E, em 2003, pela primeira vez na América Latina, um casal gay
registrou a união civil, na Argentina. Atualmente, Espanha e México caminham no
sentido de permitir a união civil entre homossexuais.
No
Brasil, foi aprovado em maio de 2011 pelo Supremo Tribunal Federal, o
reconhecimento da união homoafetiva como uma entidade familiar, regida pelos
mesmos direitos e regras que são aplicados nas uniões estáveis de casais
heterossexuais. Com a decisão do STF, 112 direitos que eram somente
direcionados aos heterossexuais, passaram a ser também vivenciados pelos casais
homossexuais, tais como pensão alimentícia, pensão por morte de um dos
companheiros, planos de saúde, declarar companheiro (a) no seu imposto de
renda, direito a licença-gala (casamento), e outros. Muitos destes direitos já
vinham sendo conquistados pelos casais homossexuais através de processos
isolados junto a outros tribunais.
Com
tudo isso, verificamos que não existe uma forma certa, única, verdadeira de
exercer o ato de amar! Todos nós podemos e na verdade devemos amar, e amar
muito! Exigir os direitos de cidadão, de ser humano, de quem ama, passa a ser
um dever de cada um. Vamos deixar de lado todo e qualquer tipo de preconceito,
seja por raça, por tamanho, por beleza, por idade, por opção, enfim, nenhum
preconceito eleva o ser humano. Vamos respeitar as escolhas, admirar as
conquistas, e aplaudir a coragem de se assumir no que se é e fazer realmente o
que se tem vontade. Vamos abraçar nossos filhos e vamos apertar as mãos de
nossos próximos, vamos auxiliar na caminhada, vamos alimentar a alegria e
principalmente, aceitar a decisão escolhida.
Nada
melhor do que ser amado e valorizado pelo que se é e não por aquilo que
gostariam que se fosse! Ame, ame muito e permita que todos a seu redor também
possam vivenciar este ato tão sublime que é o de Amar com Liberdade!