sábado, 7 de janeiro de 2012

Acidentalmente programado!


Nós é que provocamos os nossos acidentes, da mesma forma como “buscamos” nossas doenças. A responsabilidade de tudo o que acontece em nossa vida é nossa.
O conhecimento de que os acidentes têm uma motivação inconsciente não é novo. O próprio Freud sugeriu há tempos atrás em seu livro Psicopatologia da Vida Cotidiana, que acidentes como lapsos lingüísticos, esquecimentos, perda de objetos e outros deslizes são de fato o resultado de intenções inconscientes.
“Na maioria dos acidentes, está implícito um elemento intencional, mesmo que mal se possa percebê-lo conscientemente.”
Se na vida de uma pessoa acontece um acidente depois do outro, esse fato revela que ela ainda não conseguiu resolver seus problemas na consciência e que, portanto, faz escala no aprendizado à força. Um acidente questiona de forma súbita o modo de a vítima fazer as coisas. Trata-se de uma ruptura em sua vida e como tal, deve ser analisada. Devemos nos questionar do porque estamos passando por tantos fatos acidentais, tantas situações aparentemente desconectadas. Será que não estamos sendo imprudentes com a nossa própria vida? Com nossos objetivos? Será que não estamos esquecendo de nos olharmos e nos cuidarmos? Às vezes, um acidente acontece simplesmente para pararmos um pouco e observarmos o que estamos fazendo de nossas vidas!
Um acidente é uma caricatura da própria problemática – e é exatamente tão doloroso e incisivo quanto qualquer outra caricatura.
Ao falar de um acidente que aconteceu, basta ouvir com cautela o modo como as pessoas descrevem o ocorrido. A duplicidade de nossa linguagem acaba por nos trair. Infelizmente, sempre tornamos a constatar que falta às pessoas o ouvido para captar esses inter-relacionamentos. Assim sendo, pedimos que o paciente fique repetindo sua descrição até que algo lhe desperte a atenção.
Portanto, no contexto dos acidentes de trânsito, por exemplo, podemos nos desviar do caminho – perder a direção – perder o controle – atropelar alguém, etc. Por exemplo, um homem está com tanta pressa que não pode mais frear e assim bate no veículo de outro à sua frente ou se aproxima demais, estabelecendo dessa forma um contato muito íntimo (“dar um cutucão em alguém”). Esse impacto é sentido como um choque , na maior parte das vezes os motoristas não trombam apenas os carros, mas agridem o outro com palavras.
A resposta à pergunta inevitável, “quem foi o culpado pelo acidente?”, em geral é, “eu não pude frear a tempo”. Isso revela que a pessoa está acelerando tanto um determinado setor de sua vida que acaba pondo em risco esse próprio setor. As pessoas envolvidas num acidente devem interpretá-lo como um sinal de alerta: é preciso diminuir a correria e estabilizar o ritmo de vida ao menos durante certo tempo.  “Acontece que não o vi”, é uma indicação clara de que a pessoa implicada está deixando de ver algo muito importante em sua vida. Está tão apressada para fazer as coisas ou para resolver a vida, que não está conseguindo visualizar as coisas com calma e precisão. Como não enxergar um carro à sua frente? Ou atravessando um a rua? Provavelmente devia estar tão absorvido por seus pensamentos, que não estava prestando tanta atenção ao que estava fazendo, ou seja dirigindo!
Uma pessoa “corta a frente de alguém” no trânsito, outra “desrespeita a sinalização”, outra ainda “ultrapassa barreiras” e “tem de tirar o carro da lama”. De repente elas não conseguem enxergar direito, ignoram os sinais de trânsito, erram o caminho, batem nos obstáculos da pista. O que será que está ocorrendo com essas pessoas? Será que o estresse da vida cotidiana precisa tomar conta de nós desta forma? Porque temos que infringir tantas regras? Com certeza não são somente as do transito que são esquecidas e não observadas. Provavelmente quem passa o sinal vermelho da rua, deve ultrapassar os sinais vermelhos da vida! Quem não respeita um pedestre que está atravessando na faixa de segurança, provavelmente não deve respeitar as pessoas com quem convive. Deve pensar somente em si e na sua necessidade de continuar sua trajetória e no seu ritmo!
Sem deixar de falar que dirigir um carro simbolicamente significa dirigir a sua própria vida! Então, prestemos a atenção em como estamos ao volante para que possamos dirigir nossas vidas por estradas cada vez mais tranqüilas e seguras!
Se formos falar em outros tipos de acidentes, nos deparamos com os  domésticos e do trabalho, e seu simbolismo é quase ilimitado. É preciso, portanto, analisar cada caso isoladamente.
Por exemplo, as queimaduras sempre indicam que não estamos avaliando muito bem algum perigo, ou então, que nem o estamos percebendo. Queimaduras nos tornam conscientes de que estamos brincando com algo perigoso. É por isso que a palavra fogo ainda tem uma correlação bastante óbvia com o tema amor e sexualidade. Podemos então dizer um amor ardente, uma paixão abrasadora, a gente pega fogo, ardemos de amor, nosso coração está em brasa; de fato, até chamamos a namorada de “luz da minha vida”.
As queimaduras atingem a pele, que é o limite da pessoa. É com a personalidade que estabelecemos nossos limites e nos isolamos, e isso impede o amor. A fim de podermos amar, precisamos “pegar fogo”, e nos acendermos na chama da paixão para carbonizar nossas fronteiras. Quem não estiver pronto para isso pode ter a pele queimada por um fogo exterior em vez de queimada pelo fogo interior: dessa forma se queima com violência, se rompe e fica vulnerável.
Muitas vezes nos deparamos com profissionais que sofrem acidentes com freqüência em seu local de trabalho. Ao conversarmos com eles e deixarmos que realmente expressem seus sentimentos, verificaremos que muitas vezes estão descontentes com um colega, com uma chefia imediata, com o salário ou até mesmo com sua valorização profissional na empresa.
Enfim, precisamos estar mais atentos aos nossos atos, analisar um pouco mais a vida e verificar onde estamos deixando de nos enxergar. Acidentes não existem, são apenas uma forma de chamarmos a atenção de nós mesmos. Pense nisso!
Psic. Nalú!

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